segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Entrevistamos Glaucia Barbosa.


O audiovisual encanta o público e traz fantasias guardadas em nosso imaginário para mais perto de nossa realidade. Mas, nem só de ficção se faz a criação em audiovisual. Existem outros tantos gêneros que gritam aos olhos e ouvidos produzindo sensações que não estão apenas em nossas mentes, também em nossos hábitos.
O audiovisual também está ligado a processos educacionais e, na Educação à distância desperta outras interpretações e interações, facilitadoras da aprendizagem e necessárias para se construir ambientes mais dinâmicos/vivos onde os participantes podem de forma assíncrona reforçar seus sentimentos e expressões sobre determinadas questões. Para falar sobre Audiovisual, arte e educação, convidamos Gláucia Barbosa para o Encontro Presencial de Monitores do Polo Nordeste Setentrional.


 Confira uma prévia da mesa Apropriações e significações na Rede: relações desenvolvidas em mídias.

Encontro de Monitores: Gláucia, na sua experiência como artista e educadora como você tem percebido o movimento de educação para o audiovisual? E como você identifica a contribuição do audiovisual para outros movimentos de educação (tecnológico, ambiental, etc)?

Nos últimos anos, foram ampliados os espaços de formação audiovisual. Além das Ong's que se consolidaram nessa área de atuação, percebemos esse fortalecimento com a criação de cursos nas universidades e em cursos extensivos e de curta duração em ambientes formativos, como a Vila das Artes. Nas escolas, o uso das mídias também tem se expandido. Essa produção, em boa parte, ainda está pautada e, por vezes, restrita aos conteúdos da sala de aula, mas isso vem se desenvolvendo. Há um histórico recente de experiências audiovisuais na Escola, em que os alunos também abordam temas de seu universo, sobre a juventude e suas dificuldades, ou ainda, realizam documentários sobre a escola e seu entorno. Esses trabalhos vêm se estruturando e ganhando destaque.

Encontro de monitores: Qual o impacto da produção independente em um cenário de revolução/transformação das mídias, no que tange ao domínio e influências sociais?

Com o acesso aos meios de produção, as possibilidades de criação de forma independente não encontram mais limites. No âmbito da produção audiovisual independente, podemos destacar uma produção autoral, mesmo dos artistas que já têm um histórico de atuação, que produzem na perspectiva de um cinema mais tradicional, vêm se abrindo às possibilidades tecnológicas para uma pesquisa estética, como o filme processo, por exemplo. Assim, na maioria dos trabalhos que são apresentados, essa relação está diretamente ligada à própria experiência do artista, seja num contexto mais metalinguístico do cinema, o “fazer cinema” dentro do próprio cinema, ou ao pensar nesse cinema, o que é esse cinema hoje, o que é esse audiovisual, quais as relações do homem com o cinema, da sociedade com o cinema ou do grupo que produz os filmes.

Além disso, o cotidiano vem sendo apropriado de uma maneira artística com bastante evidência nessa produção mais atual. Ressalto o fato desses trabalhos estarem aportados numa pesquisa mais estética e concentrada na subjetividade. Muitas vezes, esses filmes, além de se pautarem na arte coletiva do próprio fazer cinema e numa apropriação tecnológica que hoje os meios de produção e o acesso a eles permitem, como também aos ambientes de produção e formação, é possível observar nesses trabalhos que os procedimentos e experiências do artista são inseridos nesse material. A experiência do documentário contemporâneo, por exemplo, em um recorte mais afetivo ou que pensa a cidade sob uma ótica para além do sociológico, para além do geográfico, pensando a cidade sob uma ótica social dentro de um contexto de relações culturais que promovem uma reflexão muito mais ligada à questão do sujeito, à questão do “eu” com essa sociedade, do que um pensamento mais teórico ou condicionado a análises mais técnicas ou históricas, estando mais interessado na relação com o sujeito e do corpo como ambiente, também, como um ponto de relação com esse espaço.


Encontro de Monitores: Quais provocações você acredita serem possíveis no Encontro de Monitores do Polo Nordeste Setentrional?

Em momentos como este, além do compartilhamento de experiências, tão rico e estimulante, o que deve ser norte é a continuidade e ampliação das ações desenvolvidas. As experiências desses jovens monitores, em seu trabalho de campo, devem, a partir, desse encontro, buscar as potencialidades de seus ambientes de formação, na apropriação das ferramentas tecnológicas à disposição e, acima de tudo, no potencial criativo dos sujeitos envolvidos. A metodologia deve visar resultados cada vez mais visíveis e compartilháveis, para sua trajetória também servir, certamente, como referencial para projetos futuros.

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