O
audiovisual encanta o público e traz fantasias guardadas em nosso
imaginário para mais perto de nossa realidade. Mas, nem só de
ficção se faz a criação em audiovisual. Existem outros tantos
gêneros que gritam aos olhos e ouvidos produzindo sensações que
não estão apenas em nossas mentes, também em nossos hábitos.
O
audiovisual também está ligado a processos educacionais e, na
Educação à distância desperta outras interpretações e
interações, facilitadoras da aprendizagem e necessárias para se
construir ambientes mais dinâmicos/vivos onde os participantes podem
de forma assíncrona reforçar seus sentimentos e expressões sobre
determinadas questões. Para falar sobre Audiovisual, arte e
educação, convidamos Gláucia Barbosa para o Encontro Presencial de
Monitores do Polo Nordeste Setentrional.
Confira uma prévia da mesa
Apropriações e significações na Rede: relações desenvolvidas em
mídias.
Encontro
de Monitores: Gláucia, na sua experiência como artista e educadora
como você tem percebido o movimento de educação para o
audiovisual? E como você identifica a contribuição do audiovisual
para outros movimentos de educação (tecnológico, ambiental, etc)?
Nos
últimos anos, foram ampliados os espaços de formação audiovisual.
Além das Ong's que se consolidaram nessa área de atuação,
percebemos esse fortalecimento com a criação de cursos nas
universidades e em cursos extensivos e de curta duração em
ambientes formativos, como a Vila das Artes. Nas escolas, o uso das
mídias também tem se expandido. Essa produção, em boa parte,
ainda está pautada e, por vezes, restrita aos conteúdos da sala de
aula, mas isso vem se desenvolvendo. Há um histórico recente de
experiências audiovisuais na Escola, em que os alunos também
abordam temas de seu universo, sobre a juventude e suas dificuldades,
ou ainda, realizam documentários sobre a escola e seu entorno. Esses
trabalhos vêm se estruturando e ganhando destaque.
Encontro
de monitores: Qual o impacto da produção independente em um cenário
de revolução/transformação das mídias, no que tange ao domínio
e influências sociais?
Com o
acesso aos meios de produção, as possibilidades de criação de
forma independente não encontram mais limites. No
âmbito da produção audiovisual independente, podemos destacar uma
produção autoral, mesmo dos artistas que já têm um histórico de
atuação, que produzem na perspectiva de um cinema mais tradicional,
vêm se abrindo às possibilidades tecnológicas para uma pesquisa
estética, como o filme processo, por exemplo. Assim, na maioria dos
trabalhos que são apresentados, essa relação está diretamente
ligada à própria experiência do artista, seja num contexto mais
metalinguístico do cinema, o “fazer cinema” dentro do próprio
cinema, ou ao pensar nesse cinema, o que é esse cinema hoje, o que é
esse audiovisual, quais as relações do homem com o cinema, da
sociedade com o cinema ou do grupo que produz os filmes.
Além
disso, o cotidiano vem sendo apropriado de uma maneira artística com
bastante evidência nessa produção mais atual. Ressalto o fato
desses trabalhos estarem aportados numa pesquisa mais estética e
concentrada na subjetividade. Muitas vezes, esses filmes, além de se
pautarem na arte coletiva do próprio fazer cinema e numa apropriação
tecnológica que hoje os meios de produção e o acesso a eles
permitem, como também aos ambientes de produção e formação, é
possível observar nesses trabalhos que os procedimentos e
experiências do artista são inseridos nesse material. A
experiência do documentário contemporâneo, por exemplo, em um
recorte mais afetivo ou que pensa a cidade sob uma ótica para além
do sociológico, para além do geográfico, pensando a cidade sob uma
ótica social dentro de um contexto de relações culturais que
promovem uma reflexão muito mais ligada à questão do sujeito, à
questão do “eu” com essa sociedade, do que um pensamento mais
teórico ou condicionado a análises mais técnicas ou históricas,
estando mais interessado na relação com o sujeito e do corpo como
ambiente, também, como um ponto de relação com esse espaço.
Encontro
de Monitores: Quais provocações você acredita serem possíveis no
Encontro de Monitores do Polo Nordeste Setentrional?
Em
momentos como este, além do compartilhamento de experiências, tão
rico e estimulante, o que deve ser norte é a continuidade e
ampliação das ações desenvolvidas. As experiências desses jovens
monitores, em seu trabalho de campo, devem, a partir, desse encontro,
buscar as potencialidades de seus ambientes de formação, na
apropriação das ferramentas tecnológicas à disposição e, acima
de tudo, no potencial criativo dos sujeitos envolvidos. A metodologia
deve visar resultados cada vez mais visíveis e compartilháveis,
para sua trajetória também servir, certamente, como referencial
para projetos futuros.
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